O Ministério da Educação autorizou o Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar) a abrir um curso de Medicina com cem vagas anuais. A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial da União.
A portaria que autoriza o curso é assinada pelo secretário de Regulação e Supervisão de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Luís Fernando Massonetto.
Com a decisão do MEC, Maringá passa a ter mais vagas para faculdades de Medicina do que em seis Estados – Acre, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e Sergipe. São 240 vagas por ano.
Além das cem vagas para o Cesumar, há igual número na Faculdade Ingá (Uningá) - o MEC tenta na Justiça fechar o curso da Uningá - e 40 da Universidade Estadual de Maringá.
Rafael Silva
Câmpus do Cesumar; universidade já tem laboratórios
O processo para a abertura do curso de Medicina no Cesumar durou 6 anos. Segundo a direção da universidade, o projeto demandou investimentos na ordem de R$ 7 milhões em infraestrutura – entre construções, compra de livros e equipamentos.
A instituição vai divulgar na próxima semana o calendário para a realização do vestibular e o valor das mensalidades. A previsão é que as prova sejam realizadas em janeiro.
Wilson de Matos, reitor do Cesumar, diz que a instituição não pretende construir um hospital universitário. A parte prática do aprendizado será realizada em hospitais conveniados. "Temos capacidade financeira para construir um hospital, mas esse não é o nosso negócio. Nosso negócio é a educação", disse Matos.
Repercussão
O reitor não espera críticas da classe médica à abertura de mais vagas para o curso - ao contrário do ocorrido com a Uningá. "Temos toda a estrutura necessária, não há motivos para preocupação", disse.
Procurado pela reportagem, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Maringá (CRM), Natal Gianoto, se disse surpreso com a autorização do MEC.
"Estou surpreso, não tem nem o que falar de uma situação dessas. O CRM não é contra a abertura de novos cursos, mas temos que ver a estrutura oferecida", disse, por telefone - ontem ele estava em São Paulo. "Vou consultar o CRM de Curitiba, porque acho que eles também não estão sabendo", adiantou Gianoto.
Governo
Criticada por diversas entidades médicas do País, a abertura de novos cursos de Medicina já foi anunciada como uma das prioridades do governo federal.
Em 5 de setembro deste ano, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a meta é que o Brasil abra 4.500 novas vagas de Medicina por ano. O anúncio foi feito durante o programa semanal Café com a Presidente, no rádio.
De acordo com Dilma, a ampliação de vagas em escolas médicas é necessária para melhorar a distribuição de profissionais de saúde no País.
Cinco Perguntas
Wilson Matos Filho >> Vice-reitor do Cesumar
Wilson Matos Filho >> Vice-reitor do Cesumar
O Diário - Quando vai ser realizado o vestibular para o curso de Medicina do Cesumar e qual será o valor da mensalidade?
A instituição vai realizar um vestibular exclusivo para o curso em janeiro. A data das provas devem ser divulgadas no dia 28 de novembro. A primeira turma vai ingressar em 2012. O valor das mensalidades ainda não foi definido.
O Diário - A infraestrutura necessária para o curso de Medicina está pronta?
Sim. O Cesumar está se preparando para receber o curso de Medicina desde 2005, quando o pedido foi protocolado no MEC. O bloco 8, onde os alunos estudarão, já está pronto há 2 anos. Existem na instituição cerca de 80 laboratórios, provenientes dos outros cursos da área de saúde, que serão utilizados. Três laboratórios específicos para o curso já foram construídos: o de técnicas cirúrgicas, o laboratório morfofuncional e o de habilidades clínicas, este último subdividido em 12 áreas médicas. Ao todo, o investimento foi de aproximadamente R$ 7 milhões, entre construção do bloco, laboratórios, salas de aula, instrumentos, projetos e compra de livros específicos da área para a biblioteca.
O Diário - Como os estudantes farão as aulas práticas?
Atualmente os acadêmicos dos cursos de saúde da instituição fazem seus estágios e aulas práticas em vários hospitais de Maringá, como o Santa Casa, Metropolitano e Hospital do Câncer. Para atender os estudantes de Medicina, vamos ampliar os convênios com esses hospitais. Também procuraremos criar laços com outras instituições de saúde da região.
O Diário - O corpo docente e a proposta metodológica do curso já estão definidos?
O corpo docente até a 3ª série do curso já está definido. Era uma das exigências do Ministério da Educação para a abertura do curso. O projeto pedagógico será voltado para a formação de médicos generalistas, que atendam ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aos projetos de extensão voltados para a comunidade. Esse é um pleito do Ministério da Saúde: formar médicos mais humanos, que queriam trabalhar no SUS, pois a falta de profissionais nesta área é muito grande. As turmas serão formadas por pequenos grupos de alunos, orientados por um professor, analisando e vivenciando casos reais na área de saúde desde o 1° ano.
O Diário - Os conselhos de Medicina em todo o País são resistentes à abertura de novos cursos, em função da qualidade ruim do ensino. Como o senhor avalia essa posição?
As exigências do Ministério da Educação para a abertura de novos cursos de Medicina é muito grande. Há alguns anos, com o apoio dos conselhos de Medicina, eles fecharam cerca de 2 mil vagas em todo o Brasil, por falta de qualidade. Desde então, a fiscalização para abertura de novos cursos é grande. Temos consciência disso e queremos oferecer um curso moderno e com toda infraestruturada e qualidade necessárias para formar profissionais de referência.
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