O transatlântico de bandeira holandesa MS Vendaam, onde uma passageira foi encontrada morta na manhã desta terça-feira (22) após chegar ao porto do Rio de Janeiro, esteve envolvido em um caso de suspeita de intoxicação alimentar em março deste ano.
Segundo informações da Polícia Federal, o corpo de Dorothy Phillips, uma americana de 61 anos, foi encontrado hoje. O navio partiu do Uruguai e passou pela Argentina e pelo Chile. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 86 pessoas, entre elas sete tripulantes, apresentaram sintomas de gastroenterite durante a viagem, mas não há confirmação se a morte de Phillips está relacionada à doença ou se foi causada por fatores naturais.
Em março deste ano, 43 passageiros que desembarcaram no trapiche de Icoaraci, distrito situado a 20 quilômetros do centro de Belém, no Pará, também apresentaram sintomas de gastroenterite. Na ocasião, a Anvisa e da Secretaria de Saúde de Belém chegaram a vistoriar a embarcação em busca de água e alimentos contaminados.
De acordo com técnicos do órgão estadual, havia indícios de que os turistas estivessem com um vírus identificado como "norovírus" --cuja contaminação é comum em ambientes de cruzeiros em razão da concentração de pessoas em áreas de tamanho reduzido.
Depois que os agentes de saúde realizaram exames nos 43 passageiros que reclamavam de sintomas como diarreia, vômito, febre, dores abdominais e de cabeça, entre outros, apenas duas pessoas foram obrigadas a permanecer no navio por medidas de segurança, isto é, para afastar a possibilidade de que o vírus se estabelecesse na capital paraense.
Além disso, uma grande quantidade de álcool gel foi levada para o transatlântico, já que o contágio poderia ocorrer com um simples aperto de mão. Como o navio permaneceu por pouco tempo em território brasileiro, os órgãos de controle não conseguiram confirmar posteriormente se os dois turistas estavam realmente infectados.
Antes de chegar ao Pará, o MS Vendaam atracou no porto de Recife, em Pernambucano, onde também foram registrados casos de intoxicação alimentar, segundo informações passadas na época pela Secretaria de Saúde de Belém.
O quadro de risco foi notificado pela Coordenação Regional da Anvisa, que levou a situação ao Departamento de Doença de Veiculação Hídrica e Alimentar do Ministério da Saúde.
A intoxicação alimentar (ou gastroenterite) causada pelo norovírus pode afetar tanto o estômago como o intestino. Em geral, a duração da doença é de um a dois dias, e não causa problemas maiores para a pessoa contaminada.
Além da ingestão de alimentos ou líquidos infectados, há outras possibilidades de contágio, tais como um simples contato. Os sintomas mais comuns são vômito, dores abdominais e diarreia.
Os representantes da empresa Holland Améric, responsável pela embarcação, no Brasil não foram localizados para comentar o caso.
Inspeção no Rio
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, uma crise de gastroenterite pode ter provocado a morte da passageira. Já o porto do Rio acredita que a idosa morreu em razão de circunstâncias naturais. Ainda não há confirmação oficial quanto à causa do óbito.
O comandante do MS Vendaam e outros representantes da empresa Holland América estão na sede da Polícia Federal no Rio para prestar depoimento. A PF só divulgará informações oficiais sobre o caso ao fim do trabalho de inspeção na embarcação.
Segundo relatos de passageiros, um código de alerta vermelha (o mais grave em uma escala de três) foi acionado pelo comandante do navio antes da chegada ao porto do Rio.
Além disso, há informações de que medidas de segurança relacionadas à alimentação foram acionadas no decorrer da viagem.
O navio MS Vendaam, de bandeira holandesa, integra a frota da empresa Holland Améric (com sede nos Estados Unidos) e tem capacidade para 1.350 passageiros. De acordo com as informações divulgadas pelo Píer Mauá, a embarcação saiu do Uruguai em direção à capital fluminense.
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