Os cirurgiões cardiovasculares de todo o Paraná devem se descredenciar da Unimed na próxima semana. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (18) pelo presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (Coopcardio-PR) Marcelo Freitas. Em Maringá, são quatro médicos que atuam nessa especialidade, credenciados nesse convênio médico; e cinco em Londrina. Há 78 cirurgiões cardiovasculares em todo o Paraná, dos quais 50 são cooperados da Unimed.
Dos quatro especialistas de Maringá, dois confirmaram à reportagem estarem insatisfeitos com os honorários pagos pela Unimed e afirmaram que pretendem seguir a orientação Coopcardio-PR e solicitar a demissão do convênio. Os outros dois não foram localizados para comentar o assunto.
"As negociações por melhores honorários estão se arrastando há alguns meses e sem avanço. Se a Unimed não se dispor a negociar os valores, eu devo sim encaminhar o pedido de demissão", informou o Dr. Flávio Augusto Tonon.
Essa também é a posição do Dr. Aldo Pesarini. Ele destaca que os honorários pagos pela Unimed são inferiores aos do Sistema Único de Saúde (SUS) e por isso estudo se desvincular do convênio particular nos próximos dias. "Toda a categoria deve seguir esse caminho se não houver mudança", prevê o cirurgião cardiovascular. A comunicação oficial da saída dos profissionais deve ocorrer a partir da semana que vem, e o plano deve ter prazo de 30 a 60 dias.
"De forma geral, desde julho do ano passado, viemos tentando buscar um canal de comunicação com a Unimed. Depois de 15 meses, o Ministério Público interveio e a Unimed nos chamou para uma rodada de negociações. Empenhamos uma série de compromissos, discussão de propostas, de abrangência estadual. No entanto, antes do prazo final, a Unimed rompeu a situação, deixou de atender a solicitação de reuniões e passou a fazer negociações individuais, como em Curitiba e Londrina, com a nítida intenção de quebrar a coesão, o consenso de discutir a situação de todos os cirurgiões", diz Freitas.
A Coopcardio diz que a Unimed paga honorários abaixo do valor do Sistema Único de Saúde (SUS). "Por exemplo, hoje, o valor pago por uma cirurgia de ponte de safena pelos SUS é de R$ 2.800 por equipe, que envolve geralmente de 3 a 4 cirurgiões e dois enfermeiros especializados. A Unimed trabalha com valores que giram em torno de R$ 1.200 e R$ 1.500 . Com 99% dos planos de saúde do Estado conseguimos firmar acordo com valores que chegam a dez vezes esse valor. Ou seja, estão pagando R$ 10 mil por equipe, com escalonamento de valores previsto para daqui a 12, 18 meses para chegar a R$ 15 mil".
O presidente afirma que o descredencimento não vai prejudicar a população. "A única mudança vai ser na forma de remuneração do nosso trabalho. Em procedimentos que puder aguardar, o paciente vai buscar autorização junto à Unimed para pagar a cirurgia nos valores de mercado. Se não puder esperar, o paciente vai ser operado, vamos atender primeiro, depois vai atrás de brigar por remuneração. Não vai haver prejuízo de forma alguma. O rompimento é com a forma de pagamento. O mais importante é tranquilizar a população que não vai existir desassistência", coloca.
Freitas diz ainda que a remuneração baixa desestimula a entrada de novos médicos no mercado. "Paga-se tão pouco que não há formação de novos cirurgiões. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), que é a grande escola formadora de profissionais da área no Estado, nos últimos cinco anos, tem apenas um residente em cirurgia cardiovascular."
Em nota encaminhada no fim da tarde a Unimed Maringá informou que até o momento não recebeu nenhum pedido de descredenciamento e afirmou que "a cooperativa continua com o firme propósito de valorização do trabalho médico, visando sempre o melhor atendimento aos seus clientes".
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