Murilo Gatti
A Polícia Federal prendeu ontem 29 policiais e outras 40 pessoas acusadas de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e contrabando. A ação faz parte da Operação Láparos, coordenada pela Delegacia da Polícia Federal de Guaíra (280 quilômetros de Maringá) e com desdobramentos em 38 municípios do Paraná e mais doze cidades nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Mato Grosso.
Na região de Maringá foram presos três policiais militares e cinco contrabandistas. Além disso, foram apreendidos dois ônibus usados no transporte das mercadorias contrabandeadas, veículos usados como batedores , R$ 150 mil em dinheiro, armas e 10kg de agrotóxicos.
Os cinco contrabandistas presos preventivamente na cidade passaram a noite na Delegacia da Polícia Federal, enquanto os policiais foram encaminhados ao 4º Batalhão da Polícia Militar (4° BPM).
O trabalho de investigação começou há 14 meses, período em que, segundo a Polícia Federal, foram presas 202 pessoas em flagrante e apreendidos mais de 3 milhões de pacotes de cigarro e 6,5 toneladas de agrotóxicos contrabandeados do Paraguai, além de 109 caminhões, 76 carros e 13 embarcações usadas nas ações dos contrabandistas.
O jornalista de Marechal Cândido Rondon Jadir Zimmermann, que acompanhou a entrevista coletiva concedida na tarde de ontem em Guaíra pelos delegados da Polícia Federal Fábio Tamura, Ricardo Cubas Cesar e Wagner Mesquita de Oliveira, este último da Divisão de Combate ao Crime Organizado, contou que várias quadrilhas foram descobertas durante a investigação e que 16 inquéritos policiais foram abertos contra os envolvidos.
Os delegados também relataram que os policiais envolvidos agiam principalmente como facilitadores para a passagem das cargas de contrabando. Para isso, estes policiais recebiam pagamentos mensais dos contrabandistas ou, em alguns casos, eram pagos por cada carga que teve a passagem facilitada.
Uma das principais funções dos policiais era informar os contrabandistas sobre as ações que a Polícia Federal desenvolvia contra este crime, o que garantia a livre circulação de veículos usados pela quadrilha para distribuir cigarros e agrotóxicos contrabandeados do Paraguai.
Prisões
Além das 69 pessoas presas, outras 39 estariam foragidas. No total, a Justiça Federal de Guaíra e de Umuarama concederam 108 mandados de prisão preventiva, sendo 43 contra policiais, um deles membro da Polícia Rodoviária Federal.
Os nomes dos presos não foram revelados pela Polícia Federal, pois o processo corre em segredo de justiça e a divulgação, avaliam os policiais, poderiam atrapalhar o cumprimento de outros mandados de prisão.
A operação contou com a participação de 560 policiais federais, que cumpriram os primeiros mandados de prisão na madrugada de ontem.
O balanço geral das apreensões realizadas ontem em todo o Paraná e nos outros Estados deve ser divulgado nesta sexta-feira.
Batismo
Láparos é o nome que é dado aos filhotes de coelho nos primeiros dias de vida. Segundo a Polícia Federal, a operação foi batizada com estes termo numa referência à farta reprodução dos coelhos, que ocorre de forma rápida e em número elevado.
De acordo com os policiais, a organização desbaratada ontem também se multiplicava rapidamente, tinha muitas ramificações e possuia uma grande capacidade de articulação.
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