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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Testemunha do caso Bruno foge de cadeia em Minas Gerais


Testemunha do caso Bruno foge de cadeia em Minas Gerais
18 de julho de 2012  10h50  atualizado às 11h24

Jailson denuncia um suposto plano arquitetado por Bruno e Macarrão para executar cinco pessoas. Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
Jailson denuncia um suposto plano arquitetado por Bruno e Macarrão para executar cinco pessoas
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
NEY RUBENS
Direto de Belo Horizonte
Testemunha do caso Bruno, Jailson Alves de Oliveira fugiu do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Cereps), em Belo Horizonte, ontem pela manhã. Há suspeitas de que a fuga tenha sido facilitada, por que ele "falava demais".
Jailson foi recapturado hoje em Guanhães, leste de Minas Gerais, e presta depoimento na delegacia da cidade. Ele será transferido agora para o presídio Nelson Hungria, em Contagem, onde está o goleiro Bruno.
A Secretaria de Segurança de Minas Gerais disse que está apurando as circunstâncias da fuga e por enquanto não passará nenhuma informação. Jailson foi condenado a 30 anos de prisão por latrocínio e esteve preso com o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, de quem teria ouvido confissões sobre a morte de Eliza Samudio.
O advogado de Jailson, Angelo Carbone, exige explicações sobre uma suposta facilitação para a fuga de seu cliente. "Como pode um preso em regime fechado sair assim de uma cadeia. Quem abriu as portas?", insinuou. "Ele é uma testemunha viva do que aconteceu com Eliza, então alguém tem que explicar isso", exigiu. O advogado informou que virá a Belo Horizonte ainda nesta quarta-feira.
Jaílson denunciou que teria Bola armou um plano junto com Bruno e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para matar cinco pessoas, entre elas a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Fórum de Contagem. As outras supostas vítimas seriam o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa de Belo Horizonte (DHPP); o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG); o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, representante da mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura; e também o advogado Ércio Quaresma, ex-defensor do atleta e atual advogado de Bola. Segundo Jailson, o traficante Nem seria contratado para as execuções.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

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