Jailson denuncia um suposto plano arquitetado por Bruno e Macarrão para executar cinco pessoas
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
Testemunha do caso Bruno, Jailson Alves de Oliveira fugiu do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Cereps), em Belo Horizonte, ontem pela manhã. Há suspeitas de que a fuga tenha sido facilitada, por que ele "falava demais".
Jailson foi recapturado hoje em Guanhães, leste de Minas Gerais, e presta depoimento na delegacia da cidade. Ele será transferido agora para o presídio Nelson Hungria, em Contagem, onde está o goleiro Bruno.
A Secretaria de Segurança de Minas Gerais disse que está apurando as circunstâncias da fuga e por enquanto não passará nenhuma informação. Jailson foi condenado a 30 anos de prisão por latrocínio e esteve preso com o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, de quem teria ouvido confissões sobre a morte de Eliza Samudio.
O advogado de Jailson, Angelo Carbone, exige explicações sobre uma suposta facilitação para a fuga de seu cliente. "Como pode um preso em regime fechado sair assim de uma cadeia. Quem abriu as portas?", insinuou. "Ele é uma testemunha viva do que aconteceu com Eliza, então alguém tem que explicar isso", exigiu. O advogado informou que virá a Belo Horizonte ainda nesta quarta-feira.
Jaílson denunciou que teria Bola armou um plano junto com Bruno e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para matar cinco pessoas, entre elas a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Fórum de Contagem. As outras supostas vítimas seriam o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa de Belo Horizonte (DHPP); o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG); o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, representante da mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura; e também o advogado Ércio Quaresma, ex-defensor do atleta e atual advogado de Bola. Segundo Jailson, o traficante Nem seria contratado para as execuções.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
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