A Arquidiocese de Maringá emitiu uma nota à imprensa, na manhã desta sexta-feira (16), se posicionando de forma contrária à proposta da Prefeitura de firmar uma parceria público-privada com uma empresa, com o intuito de queimar de lixo para produção de energia elétrica.
Conforme a nota, assinada pelo Arcebispo Dom Anuar Battisti, a igreja está atenta aos anseios do povo e 'preocupada com a defesa da saúde, assim como com a preservação do meio ambiente'.
Na manhã desta sexta-feira, o porta-voz da Arquidiocese, padre Orivaldo Robles, no entanto, foi mais brando, e falou que a Arquidiocese está apenas recomendando cuidado em relação ao projeto.
Conforme Robles, os dirigentes da Arquidiocese participaram do Fórum Intermunicipal Lixo e Cidadania e concordaram com os argumentos que previnem sobre a instalação da usina.
Apesar da nota oficial ser explícia ao afirmar que a Arquidiocese não concorda com o projeto (leia a nota na íntegra abaixo), Robles afirmou que "Não somos contra, nem a favor do projeto. Se nos provarem que a incineração não trará danos à saúde e ao meio ambiente, nós aprovamos", disse em coletiva à imprensa.
Conforme o Padre, a Igreja apoia ideias alternativas para a destinação do lixo, que privilegiem a reciclagem e a reutilização do lixo.
Um abaixo-assinado está sendo repassado em todas as igrejas pedindo maiores discussões sobre o assunto com a população.
Prefeito
Na manhã desta sexta-feira, o prefeito Silvio Barros comentou a nota da Arquidiocese. Segundo ele, "vivemos em uma democracia e eles têm a liberdade de pensarem o que quiserem".
Silvio disse ainda que o processo de licitação ainda não definiu qual tecnologia será utilizada para a destinação no lixo. O prefeito não conversou com a Arquidiocese, mas afirmou estar preparando um material para explicar as intenções da prefeitura para a sociedade.
Confira a nota oficial da Arquidiocese na íntegra:
"A Arquidiocese de Maringá, atenta aos anseios do povo e preocupada com a defesa da saúde, assim como com a preservação do meio ambiente, vem a público emitir a seguinte NOTA DE ESCLARECIMENTO:
1- Temos acompanhado as discussões acerca da proposta de instalação, em Maringá, de uma usina de incineração dos resíduos sólidos urbanos. Ouvidos esclarecimentos de Cientistas, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Estadual e de Movimentos Sociais, concluímos não ser recomendável a utilização de tecnologia de incineração (queima do lixo). Entre os problemas apontados verifica-se o prejuízo social dos trabalhadores da reciclagem, além dos graves e irreversíveis danos à saúde dos seres vivos, notadamente das pessoas.
2- A Igreja tradicionalmente tem-se mostrado sensível à necessidade de cuidar do meio ambiente e da saúde. Prova-o a Campanha da Fraternidade, em especial nos dois últimos anos: 2011 – “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22); 2012 – “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). “É missão da Igreja a continuidade da ação de Jesus na história para que a saúde se difunda sobre a terra” (CF-2012 Texto-base, 178).
3- Os cidadãos não devem permitir que, num Município nacionalmente conhecido como “Cidade Verde”, o Poder Público Municipal implante uma política que privilegie a incineração dos resíduos sólidos urbanos, em detrimento da não geração, redução, reutilização, reciclagem e compostagem, tal como estipula a Lei que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305/2010).
4 – Por fim, no âmbito do Estado democrático de direito, reconhecemos como nossa missão nos pronunciarmos sobre tudo o que diz respeito ao bem da comunidade, como igualmente incentivar e apoiar a sua conscientização e organização.
Maringá, 15 de março de 2012.
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Metropolitano".
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