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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quais são as “origens” do Perfil da “Desigualdade Social” Sarandiense?

A população de Sarandi[1], segundo o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2007, era de 79.686 habitantes, sendo que 77.295 eram habitantes da área urbana e 2.391 eram os habitantes rurais do município. Há estimativas das populações residentes, em 1º de julho de 2008, segundo os Municípios, em Sarandi de 83.486 habitantes (IBGE/DPE/COPIS).
Nos anos de 1961 e 1964, o prefeito de Maringá expulsou os moradores de favelas da cidade, pagando-lhes uma “indenização simbólica”. Essa era uma tentativa de melhorar a qualidade de vida das famílias que permaneceram em Maringá. Todo esse processo foi decorrente de acordos políticos firmados com a prefeitura de Marialva e também com o primeiro e futuro prefeito de Sarandi.
As loteadoras não ofereciam rede de esgoto, arborização, ruas e avenidas largas, terrenos para construção de escolas, creches, postos de saúdes, etc. Assim, os lotes eram vendidos a preços baixos, e as famílias expulsas de Maringá, podiam comprá-los e ali fixar moradia.
As mesmas condições precárias de saneamento básico e facilidades financeiras também eram encontradas em moradias de aluguel. Ainda havia outra opção, que era morar na periferia a um valor ainda menor, porém em piores condições sociais.
Na década de 1970 novamente a Prefeitura de Maringá[2] mandou despejar famílias pobres do bairro “Vila do Cemitério” e as transferiu para Sarandi. E, não é somente esse tipo de atitude que encontramos na história da cidade.
Um estudo realizado[3] com documentos das décadas de 1960 a 1980 mostra como os pobres da cidade, quando não era possível realizar a “transferência”, eram jogados em asilos e até mesmo em hospitais psiquiátricos para que não andassem pelas ruas centrais.
Assim, foram lançadas as bases desestruturais e aculturais do processo de “estigmatização” de Sarandi associando sua “imagem” ao sinônimo de exclusão social, compondo-se de uma “urbanidade e habitabilidade” desassistidas das mínimas condições dignas e sustentáveis.
Estes “fatos sociais” se tornaram, então, um “solo fértil” para as freqüentes e quase insolucionáveis “convulsões sociais” refletidas na atualidade, bem como na dificuldade ímpar em se obter respostas efetivas pelas gestões públicas passadas e atuais.
Segundo dados do Programa Bolsa Família[4] em relação aos principais municípios que compõe o Norte Pioneiro (29 ao todo), Sarandi se destaca apresentando o maior número de famílias proporcionalmente atendidas pelo PBF (3.257 famílias x 4 pessoas/família = 13.028 cidadãos (ãs)) das 30 outras cidades analisadas.
Outro fato intrigante, apesar de recebermos o segundo maior Repasse (R$ 1.673.058,00) do PBF e o segundo maior valor (R$ 5.785,20) dos Recursos Transferidos para Apoio a Gestão, bem como deter do segundo maior valor (R$ 8.035,00) do Teto de Recursos para o mesmo Apoio à Gestão das 29 cidades analisadas, pasmem, abrigamos infelizmente, a menor Taxa de Famílias com Acompanhamento de Agenda de Saúde (0,42) o que equivale a dizer, a cada 100 famílias necessitadas, apenas 42 são atendidas. Falha Técnica ou Política?
Além do mais, compõe neste “Levantamento ou Diagnóstico Social”, a pior (0,67) “Taxa de Crianças com informações de Frequencia Escolar”, além de estar na segunda posição (0,73) empatada com São Jorge do Ivaí na “Taxa de Atualização do Cadastro Único”. Além de lamentável e vexatório, torna-se bastante auto-explicativo sobre as “reais origens” ou “os por quês” dos elevados índices de violência e morte de adolescentes confirmados pelo “Mapa da Violência/2010”.
Assim, equivale dizer que o bordão “a situação é complicada”, torna-se através desta breve analise algo próximo de um “eufemismo” em relação aos vários e “vulneráveis” indicadores de desenvolvimento humano (IDHs) de Sarandi construídos pelos testemunhos históricos segregacionistas em matéria de ausência de “planejamento estratégico integrado” enquanto cidade.
Neste contexto como iremos, integradamente, implantar apartir de hoje, uma “fala e ação política” através deste “faltoso” planejamento estratégico com políticas públicas sérias e comprometidas com o futuro sarandiense para cingir este enorme “abismo social” sorrateiramente promovidos pelo terremoto dos interesses e desgovernos passados?
Portanto, é triste notarmos apáticos e impotentes enquanto cidadãos (ãs) a avalanche de péssimos e repetitivos “indicadores sociais e urbanos” que nos relegam a condição de “sub-cidade” coexistindo, paradoxalmente, com uma dinâmica comercial pujante e eficiente nas suas atividades mercantis gerando divisas e tributos para Sarandi sem haver contrapartida social.
Enfim, mesmo estando “ladeada” pela “verde” Maringá, referência nacional em qualidade vida e sustentabilidade, não se percebe qualquer iniciativa pela “cidade-mãe” Metropolitana no sentido de “articular” de fato e de direito uma política redistributiva de renda e mecanismo eficazes de “ações estratégicas integradas” de médio e longo prazo que tente reparar o caríssimo “preço social” pago pelas cidades do entorno metropolitano em virtude das seqüelas da histórica injustiça social praticada para elevar a “cidade canção” as condições nobres atuais.

Por
Dr. Allan Marcio

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